Sobre o CBP-RJ
Objetivos e Orientação do CBP-RJ
O Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro (CBP-RJ) tem como objetivos: difundir a Psicanálise, formar psicanalistas, incentivar a publicação relativa a sua área de conhecimento, auxiliar o atendimento de pessoas menos favorecidas e estabelecer intercâmbio com instituições congêneres.
O CBP-RJ constitui uma entidade legalmente estabelecida, sem fins lucrativos e cujos bens pertencem ao conjunto de seus Sócios Efetivos. Aos Sócios Efetivos também pertence igual direito de voto nas Assembléias Gerais da instituição. A orientação teórica do CBP-RJ está baseada nos escritos de Sigmund Freud, dedicando-se também ao estudo de contribuições significativas de outros autores de Psicanálise ou áreas afins.
De acordo com a origem e conteúdo da Psicanálise, a orientação teórica e a prática clínica do CBP-RJ independem da orientação de qualquer partido político ou da crença de qualquer denominação religiosa.
Considerando que a Psicanálise, como demonstra sua própria história, só pode florescer em um regime democrático, o CBP-RJ respeita a liberdade de escolha e ação de seus Sócios atuais e futuros em todas as áreas.
O CBP-RJ é membro do Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP), fundado em 1956 a partir do Círculo Vienense de Psicologia Profunda e que hoje congrega nove instituições: os Círculos Psicanalíticos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Pernambuco, a Sociedade Psicanalítica da Paraíba, o Círculo Brasileiro de Psicanálise-Seção Rio de Janeiro, o Grupo de Estudos Psicanalíticos (MG) e o Instituto de Estudos Psicanalíticos (MG).
Também é membro da Federação Internacional de Sociedades Psicanalíticas - International Federation of Psychoanalytic Societies (IFPS), fundada em 1962 e que congrega 24 sociedades em 18 países.
O Estatuto e o Regimento Interno do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro, aprovados em Assembléia Geral de 5 de Julho de 1993, acrescidos do Regulamento Interno do Centro de Estudos Antonio Franco Ribeiro da Silva, aprovado em Assembléia Geral de 4 de Junho de 1996, regulamentam a instituição.Compõe-se o CBP-RJ de quatro orgãos :
1 - Comissão Científica e de Formação Permanente
Possui por objetivo planejar e executar todas as tarefas didáticas regulares do Curso de Formação Psicanalítica, bem como auxiliar na elaboração e supervisão todas as demais atividades de caráter científico e cultural.Esta comissão dirige e coordena o Centro de Estudos Antonio Franco Ribeiro da Silva (CEAFRS), ao qual pertencem todos os alunos e candidatos em Formação Psicanalítica. Entre outras, a Comissão também possui as tarefas de: selecionar o ingresso de novos alunos, periodicamente atualizar o currículo, aprovar os programas dos seminários de formação ou outros cursos, selecionar e convidar professores.De acordo com o Estatuto do CBP-RJ os Professores do CEAFRS e do Curso de Formação Psicanalítica devem prioritariamente ser Sócios Efetivos, especialmente nos seminários que se referem ao texto freudiano.No caso de seminários ou cursos especializados, a Comissão Científica e de Formação Permanente pode convidar Professores externos ao quadro de Sócios Efetivos do CBP-RJ, desde que possuam Formação Psicanalítica ou titulação acadêmica de Mestre ou Doutor, sempre através de instituições legalmente reconhecidas.
2 - Departamento de Publicação e Divulgação
Possui por objetivo divulgar a realização de eventos, cursos, seminários e congressos; bem como publicar a produção científica do CBP-RJ.Cabe também ao Departamento de Publicação e Divulgação indicar os membros do Conselho Editorial, que dirige e coordena a Revista do CBP-RJ, e que se compõe de um Conselho Editorial Interno, composto por Sócios Efetivos do CBP-RJ, e de um Conselho Editorial Externo, composto de membros convidados por seu notório saber, titulação acadêmica ou formação psicanalítica por outras instituições reconhecidas.Os artigos, resenhas e quaisquer outros textos da Revista podem ser da autoria de: Sócios Efetivos do CBP-RJ, Alunos e Candidatos do CEAFRS, ou de pessoas externas a ambos. Todos textos são avaliados e selecionados pelos integrantes do Conselho Editorial.
3 - Centro de Atendimento Psicanalítico (CAP)
O Centro de Atendimento Psicanalítico (CAP) é a Clínica Social do CBP-RJ, que tem por objetivo o atendimento psicanalítico para pacientes de renda média, inferior ou baixa.Os Psicanalistas e Sócios Efetivos do CBP-RJ também atendem pacientes do CAP.O CAP também tem por objetivo auxiliar a prática para os novos psicanalistas, permitindo o acesso à clínica aos alunos e candidatos do Centro de Estudos Antonio Franco Ribeiro da Silva que já completaram mais da metade do Curso de Formação Psicanalítica. O ingresso dos alunos e candidatos depende de aprovação da Comissão Científica e de Formação Permanente.Quando do tratamento efetuado por alunos e candidatos do CEAFRS, todos os pacientes atendidos pelo CAP têm seu tratamento supervisionado por Sócios Efetivos, em reuniões clínicas e de supervisão regulares. As reuniões devem ser assistidas, durante período determinado pela Comissão Científica e de Formação Permanente, por todos os alunos e candidatos já cursando a segunda metade ou mais do Curso de Formação.A Ética Profissional é absoluta. Qualquer informação fornecida pelos pacientes é confidencial e restrita ao terapeuta e às supervisões. Quebra de sigilo profissional motiva o desligamento do aluno ou candidato do CEAFRS ou a exclusão do Sócio Efetivo do quadro do CBP-RJ.
4 - Fórum do Centro de Estudos
Órgão extra-estatutário, o Fórum tem por objetivo auxiliar a Comissão Científica e de Formação Permanente nas tarefas científicas e culturais além daquelas do Curso de Formação Psicanalítica. Também tem por meta implementar o caráter permanente da Formação Psicanalítica para os Sócios Efetivos do CBP-RJ.O Fórum é coordenado por membros da Comissão Científica e de Formação Permanente em conjunto com alunos e candidatos de todas as turmas do Centro de Estudos Antonio Franco Ribeiro da Silva.O Fórum organiza e promove: cursos, seminários, simpósios, jornadas e outros eventos científicos e culturais. Todas as atividades do Fórum estão abertas para alunos, profissionais ou membros da comunidade que não pertençam ao CBP-RJ ou ao CEAFRS.
As origens- A Psicanálise, Freud e Viena
Em 1938 a Aústria, até então república independente, foi anexada pela Alemanha do Terceiro Reich. Seguiram-se duras perseguições aos judeus, entre os quais Sigmund Freud (foto), cuja obra já havia sido queimada em praça pública pelos Nazistas.
Aos poucos, desde a conquista do poder pelo Nazismo em 1933 os psicanalistas, em sua maior parte de origem judaica, vinham emigrando da Alemanha e também da Áustria, que tudo indicava cedo ou tarde seria anexada à Alemanha. Freud teimara permanecer em Viena e foi somente em 1938, após a anexação da Áustria e ter sido sua filha Ana provisoriamente presa pela Gestapo, que o criador da psicanálise partiu com sua família e vários colaboradores para o exílio em Londres.
Foi ao amparo dessas perseguições que ocorreu, alguns anos mais tarde, a fundação em Viena de uma nova sociedade psicanalítica, pelo Dr. Igor Caruso.
Em Viena, nesse período, só havia ficado um colaborador próximo de Freud: August Aichhorn, pedagogo genial e o primeiro a aplicar os princípios da psicanálise na reeducação e na psicoterapia de menores infratores (...), e foi através dele e de alguns amigos e colaboradores seus que se manteve viva a chama da psicanálise, ainda que sob uma espécie de hibernação, nesta cidade.
O Dr. Igor Caruso (foto), pertencente a uma família italiana que emigrara para a Rússia e depois para a Austria, iniciou sua análise com Aichhorn em 1943 e em 1944 passou a se analisar com Viktor von Gebsattel, nome muito conhecido na história da psiquiatria e da psicanálise, até 1945. Aichorn e Gebsattel, por sua vez, tinham sido pacientes de Paul Federn, da primeira geração de psicanalistas que surgira a partir de Freud e famoso por suas iniciativas e escritos pioneiros sobre o tratamento de psicóticos. Por sua vez Gebsattel, colaborador e membro participante do grupo de estudos de Freud em 1912-1913, também se analisara com Otto Seif, um antigo discípulo de Jung que se recusou a tormar partido quando da ruptura deste com Freud.
Renasce a Fênix: Surge o Círculo Vienense de Psicologia Profunda
Igor Caruso, escritor de uma notável série de livros, traduzidos e publicados inclusive no Brasil, pautava-se por uma orientação teórica eclética, que buscava conciliar a psicanálise com outras correntes de pensamento e com a religião cristã. Foi natural assim que, quando criou em 1947 o Círculo Vienense de Psicologia Profunda, abrigasse pessoas de variados matizes intelectuais e religiosos.
Na ebulição do período pós-guerra, as diretrizes de crítica radical a qualquer ortodoxia ou dogmatismo transformaram o Círculo em um centro de variada riqueza de estudos, onde psicanálise, psicologia analítica e existencial, ecumenismo, psicologia genética, etologia, antropologia, filosofia, etc...são abordados de forma sistemática e ampla, atraindo a atenção e a participação, em maior ou menor grau de celebridades como Konrad Lorenz, Jean Piaget, J. Nuttin, E. Bohn, J. Lacan, entre outros.
Nessas circunstâncias, os pensadores da Escola de Frankfurt começaram a ser estudados (Adorno, Horkheimer, E. Fromm); mais tarde Herbert Marcuse, Ernest Bloch, Norman Brown, Jean Paul Sartre, o que leva Caruso a defrontar-se com os textos de Marx, Engels, Lukács, Reich, Gabel, Gorz e outros marxistas. O reflexo desta riqueza de counteúdos incorporados vai se manifestando na extensa obra escrita de Caruso, que nas décadas seguintes abandonou paulatinamente a atitude de um eclético humanismo cristão, fazendo-se progressivamente mais próximo ao materialismo dialético e, tanto na clínica quanto em sua proposta didática, ater-se mais aos trabalhos de Freud.
Quando em setembro de 1966, 74 delegados de dez Círculos e grupos de estudo se reuniram em Innsbruck e fundaram a Federação Internacional de Círculos de Psicologia Profunda, Caruso propôs o que seria o “mínimo divisor comum”: técnica psicanalítica clássica (freudiana) e abertura a todas questões sociais.
De um Círculo a Vários Outros : A Fundação do Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP)
Além do intenso trabalho clínico e de difusão das idéias de Freud que desenvolveu em Viena, Igor Caruso também difundiu a psicanálise pelo continente Íbero-Americano. Além de ter participado na fundação do Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda, Caruso participou na criação de instituições psicanalíticas na Colombia, México e Argentina.
O Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP) foi fundado em Pelotas, Rio Grande do Sul a 26 de Setembro de 1956, a partir da iniciativa do Dr. Malomar Edelweiss (foto), juntamente com Francisco Vidal, Gerda Kronfeld e Sigfried Kronfeld. Graças ao seu interesse pelo fenômenos psicológicos, Edelweiss mantivera contatos com o psicanalista húngaro-argentino Bela Székely, de quem recebera informações sobre Caruso, que o levaram a Viena, onde fizera sua análise com o próprio Caruso.
Em entrevista realizada por ocasião do VIII Congresso do CBP e I Fórum de Psicanálise, ocorrido em Belo Horizonte em 1990, o Dr. Malomar Edelwieiss contou que:
Em 1956 eu era Diretor da Faculdade de Filosofia de Pelotas, não havia Universidade ainda, e aí convidei Caruso para ir ao Rio Grande do Sul e conseguimos que ele fosse tanto a Pelotas, quanto a Porto Alegre, pela PUC de Porto Alegre e a São Paulo, pelo Instituto de Psicologia da PUC de São Paulo.(...) Eu tinha voltado de Viena e consegui fazer também, nessa época, a fundação do Instituto de Psicologia, anexo à Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas.
Desde então Igor Caruso retornou ao Brasil vária vezes nas décadas seguintes. A atividade pioneira iniciada no Rio Grande do Sul frutificou-se em vários outros estados da União. Em 1970 o Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda passou a ser membro da Federação Internacional de Sociedades Psicanalíticas, com sede em Viena. No ano seguinte o CBPP teve seu nome mudado para Círculo Brasileiro de Psicanálise e todas as suas sociedades integrantes adotaram, daí em diante, a denominação de Círculo Psicanalítico acrescido do nome do estado em que suas atividades eram desenvolvidas. Além dos já existentes, ao longo dos anos seguiu-se a criação de novas sociedades psicanalíticas, abrangendo vários estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba.
Surge o Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro (CBP-RJ)
O movimento que deu origem ao CBP-RJ iniciou-se em 1969 quando foi fundado o Instituto Brasileiro de Psicanálise por: Roberto de Souza Bittencourt (foto), José Jorge de Souza Santos, Carlos Mauro Ferreira Bianchi, Edson Soares Lannes, Henrique Baez, Paulo Torres e Damarina da Silva; instituição que se vinculou ao Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda, que já congregava o Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul e o Círculo Mineiro de Psicologia Profunda. Um ano depois o Instituto teve seu nome mudado para Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro.
Em 1978, em decorrência de discordâncias insanáveis quanto aos rumos ideológicos abraçados pela instituição da qual foram co-fundadores, Roberto de Souza Bittencourt e Carlos Mauro Ferreira Bianchi, acompanhados por Sergio Luiz Figueira de Lacerda, se desligaram do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e solicitaram ao CBP, merecendo o apoio de de seu Presidente, Antonio Franco Ribeiro da Silva e do Presidente do Círculo Psicanalítico da Bahia, Carlos Pinto Corrêa, a criação de um Grupo de Estudos, célula inicial, com vistas a constituição de outra sociedade psicanalítica. Aceita a proposta, durante dois anos esteve o Grupo de Estudos vinculado ao Círculo Psicanalítico da Bahia, num estágio probatório, conforme determinava o estatuto do CBP. Mais tarde, o Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro desligou-se do CBP.
Dois anos após o Grupo de Estudos foi autorizado a estruturar-se como sociedade psicanalítica independente filiada ao Círculo Brasileiro de Psicanálise e, através deste, à Federação Internacional de Sociedades Psicanalíticas. Constituiu-se assim, em Julho de 1980, o Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro, que teve como data oficial de sua fundação a posse da primeira Diretoria, ocorrida a 19 de Março de 1981. Como primeiro Presidente do CBP-RJ foi eleito o Dr. Roberto de Souza Bittencourt, médico e professor universitário que se destacou no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do qual foi Diretor, e eleito Vice-Presidente o Dr. Carlos Mauro Ferreira Bianchi .